Dessa vez vai um título.
A Roda
Essa é a história de um menino que nasceu munido de uma consciência. Consciência de que o mundo girava, e de que sua força motriz era uma grande roda.
Roda que era viva e dentada, e que residia no intelecto de cada um, de maneira simultânea e em uma sincronia universal. O menino lutava, dentro de seu destino, para se tornar cada vez mais forte, para que pudesse imprimir cada vez mais força à grande roda.
Uma vez por semana, ele tirava uma folga, para que pudesse dar chance à inércia, e para que pudesse observar como é que o mundo continuava a girar. Ah... como ele gostava de observar. Olhava outros meninos brigando entre si, meninos que brigavam sem mesmo se lembrar porque brigavam. Mudava seu foco, por que perder tempo olhando ali, era mais útil guardar suas forças para tentar girar mais forte a roda, quem sabe assim ele conseguiriaa mudar isso no mundo.
À noite, depois de convencer as paredes de que seu sono tinha que ser tranquilo, o menino sonhava. Sonhava um mundo de céu azul, cheio de música e de sorrisos.
À noite, sua mente novamente dava corda para sua força motriz.. Era da mente que vinha sua força, sua luta e sua causa. Tudo estava em sua mente.
Como todo réles mortal, ele tinha chuva no seu mundo, chuva para lavar corpo e alma, chuva dos céus, chuva dos olhos. Às vezes ele até segurava a chuva dos outros, pois é assim que ele entendia o que era viver em um mundo que pertencia a todos.
Tinha seus favoritos, mas lhe custava entender que sua felicidade estava neles, e por isso, nem sempre os tratava como de fato deveria tratar.
O menino almoçava sorrisos, sorrisos amarelos, brancos, metálicos, falsos e cheios de histórias para contar, falsos mas nem com tantas histórias. Seu universo gastronômico de sorrisos era vasto e lhe existia uma ânsia de que ele deveria ser cada vez maior.
Sua sobremesa era o conhecimento. Uma doce ilusão (já que era sua sobremesa). Tentava engordar de seu doce a todo custo, mas era difícil, pois no seu mundo ainda persiste uma epidemia. A epidemia que se espalha mais rápido que qualquer gripe, pois a gripe preguicenza Abecedário é a matrialfa do mundo dos vírus. Às vezes os anticorpos do menino funcionavam e ele aprendia alguma gordurinha aqui e ali.
Seu jantar era rico em carinho, só assim poderia suprir a demanda criada por todo aquele esforço que era necessário para girar a roda. Carinho com o pé, carinho com a mão, com a palavra, carinho doce, carinho apimentado, carinho de mão e carinho tarado.
Adorava lutar, sua luta era sua vida, mas também adorava descansar, pensou até em só andar de saci, pra que pudesse andar com uma perna e descansar ao mesmo tempo.
A roda do mundo não pára, a inércia vai sempre mantê-la girando, e é nosso menino quem a gira, junto com você, e com todos os outros. Cada mundo uma força, cada força, um menino. O mundo é dele(s), o mundo é de cada um.